Acredito mais em amor à primeira conversa do que amor à primeira vista. Se alguma coisa destas existe será certamente a primeira, a segunda nem nas histórias. À medida que o tempo avança, envelhecemos e sentimos que já não somos os mesmos. Já não ouvimos da mesma forma, já não falamos da mesma forma. As coisas parecem turvas aos nossos olhos. Deixamos de valorizar tanto o que está por fora. As conversas tornam-se mais importantes e mais vivas. É o pacemaker da relação. Se isto deixa de funcionar, tudo deixa.
Eu gosto muito mais das raparigas que sabem conversar do que aquelas que se sabem maquilhar para parecerem mais bonitas. A beleza natural é sempre a melhor. Quando uma rapariga consegue parecer bonita enquanto faz as expressões faciais mais parvas e esquisitas, essa rapariga é dona de uma beleza natural incrível.
Quando um casal está num momento nostálgico e recorda bons momentos que tiveram juntos, é mais provável que se lembrem de conversas, de filmes, de lágrimas, de risos do que propriamente do que o que tinham vestido no dia X e que ficava mesmo bem na pessoa. Isto sou eu a dizer. Há pessoas para tudo.
É a segunda vez que faço uma reflexão séria sobre isto, não a faria se não achasse necessário. Infelizmente acho. As pessoas já não vivem o momento. Já não vivem a essência. Limitam-se a fazer estudos sobre os prós e os contras e se os prós pesarem mais, avança-se. Tentam racionalizar tudo. Complicamos equações simples.
As relações de hoje estagnam. São uma seca. Devemos sempre inovar. Imagine-se uma escada, cada semana, por exemplo, deve-se avançar um degrauzinho. Não se devem estar sempre a repetir as mesmas coisas, perde-se o interesse quando assim é. A inovação é o óleo do pacemaker. A criatividade, a intimidade, deve tudo ser trabalhado.
Hoje em dia, tiram-nos o tempo todo. Pelo menos a mim tiram. Seja a escola, seja a música, seja o teatro, seja o circo, seja o que for, as pessoas andam todas ocupadas. O tempo livre é necessário para descansar, por vezes é insuficiente. Há relações que sofrem por causa disto. Por acaso, eu sou solteiro e não devo tempo a ninguém. Quando o dedico a alguém é porque sacrifico tempo por vontade própria. É isso que devemos fazer, definir prioridades. Se não tivermos tempo para uma pessoa, não podemos queixarmo-nos se ela nos quiser deixar. Antes havia tempo para tudo. Hoje temos que lutar pelo tempo que podemos dedicar. Temos que merecê-lo e ainda temos que merecer que nos dediquem.
Não sei se algum dia vamos aprender como nos comportar.
''love is not a victory march
it's a cold and it's a broken hallelujah''